Como escrever algo sem cair no lugar comum? Como escrever algo para tocar o coração da minha mãe, uma vez que foi ela que criou o meu? Ou como demonstrar este aperto no coração, estando a léguas e léguas de casa? Posso começar com a origem de todas elas...A minha duas vezes mãe, a minha vó! Estou pra conhecer alguem que dedicou mais que ela, a sua vida inteira, em função da família, além de ter 3 filhas tinha um filho mais velho que ela, (que por sinal foi o mais mimado a vida inteira, e não soube reconhecer isto..). E que mais do que ninguem, soube criar forças sabe-se lá daonde, e continou ensinado outras mamães donas-de-casa a como se portar com dignidade! Posso falar também da minha outra mãe, a minha mãe de cor, a Nilda.... aquela que me ensinou a gostar de sambar, me ensinou sobre outras religiões, e é minha consultora espiritual nas horas vagas. Que conseguiu até fazer eu comer quando era pequeno...que faz a minha proteção lá em cima com os preto velho! Devo falar também da minha segunda mãe escolhida pela minha mãe. Minha madrinha, que ao alto dos seus 1,50 de altura, é uma mulher forte e corajosa e se desdobra em 3 para dar tudo para seus filhos. Que mesmo tendo 3 filhos para alimentar, vestir e tudo mais, nunca vi desanimada, sempre dando sorrisos e fazendo comidas maravilhosas! E posso falar agora da minha tia Lúcia, hoje provelmente a mãe que mais está vivenciando todos os lados de " ser mãe ", que por que por um motivo ou outro, está tendo que ser mais forte que todas as outras mães. Que terá que servir de exemplo de garra e coragem, que terá que trabalhar o perdão, e que daqui algum tempo, poderá respirar aliviada e dormir uma noite em paz. E depois de tudo isso posso falar da minha mãe? Posso falar da pessoa que me proporciona essa oportunidade de estar do outro lado do mundo escrevendo tudo isto? Ácho que nem posso falar, a cada ano fica mais dificil transcrever com palavras este sentimento, O terror que foi ficar sem falar com ela por 3 dias por motivos bobos. É aquela que se está comendo um delicioso chocolate e eu peço um pedaço, subitamente ela diz " pode comer tudo, eu nem queria mais. É a pessoa que trabalha sem parar, fica tomando na cabeça o dia inteiro, pra poder curtir algumas poucas horas em casa e dar pros filhos do bom e do melhor! É a pessoa que cuida das até mesmo das plantas como se fossem seus filhos. É a mãe com tanta energia, que para ela não bastou ser mãe, quis ser médica, para poder cuidar do máximo de pessoas possiveis...A pessoa que eu posso contar tudo sobre tudo, e vou sempre receber uma resposta sincera e sensata. Aquele tipo de pessoa que é tão especial, que depois de se viver ao lado dela é impossivel dizer que Deus não existe. Por fim, quero deixar um beijo a todas mães ou futuras mães que estão lendo este humilde texto num dia tão especial como este. Posso até imaginar a cena, todas as mães da família reunida lá em casa. Provavelmente o meu pai lendo este texto em voz alta, e milhares de lágrimas surgindo de dentro de todas elas.

ÀS MÃES
Ó santas que embalais o berço das crianças,
E assim lho revestis de flóreas esperanças!
Que andais sempre a cuidar das almas por abrir,
E a verter-lhes no seio o gérmen do porvir!
Sois vós que, pela mão, da glória à vida inquieta,
Levais um vosso filho, um pálido profeta,
Que é Newton ou Petrarca, Ângelo ou Rafael,
Com pincel e a pena, o compasso e o cinzel,
fazendo enobrecer quem lhe seguir o exemplo ...
Sois vós que o conduzis aos pórticos do templo
Onde o porvir coroa os génios imortais,
E, mal chegadas lá, de todo o abandonais,
Sem aguardar sequer nas sombras duma arcada
A grande aclamação que lhe festeja a entrada!
E - modestas que sois! -
voltais a vosso lar
E só vos contentais em vê-lo atravessar
- Coroada de lauréis a fronte cismadora -
Um arco triunfal que o cerca duma aurora ...
Mas nós, cabeças vãs, escravos do amor,
Andamos a dizer: "Beatriz! Leonor!"
E o nome vosso, ó mães, não lembra um só instante!
Quem sabe o nome vosso, ó mães de Tasso e Dante?
Ó santas, perdoai! Lá tendes o Senhor A cobrir-vos de luz, de bênçãos e de amor,
Fazendo abrir ao sol as vossas esperanças.
Ó santas, embalai o berço das crianças!
José Castelo


beijos de barcelona do filho Eduardo